COMUNICAÇÕES

Todas as atividades dependem das comunicações. Assim, é vital conhecer
o papel das comunicações no teatro das operações, os meios de
comunicação e os procedimentos corretos para a sua utilização em proveito do serviço
Comunicar-se implica, portanto, a troca de mensagens coerentes entre os diversos
intervenientes. A mensagem deve assumir a forma particular que garanta o sucesso da
comunicação, isto é, que assegure a melhor transferência de informação.
A prioridade é uma característica da mensagem muito importante, pois
está intimamente ligada à maior ou menor urgência da sua intervenção. As maiores
prioridades (mensagens mais urgentes) estão associadas às comunicações relacionadas
com operações de socorro e, dentro destas, às que se referem ao risco de vida ou da operação.

Para que se estabeleça uma comunicação é necessária, pelo menos, a existência de três
elementos:

– Emissor;
– Receptor;
– Canal de comunicação.

O emissor é o elemento, que fornece uma dada informação. É, portanto a fonte duma dada
informação.
O receptor é o elemento, que recebe uma dada quantidade de informação. É o destinatário
da informação
O Canal de comunicação é o elemento, por onde flui a informação entre o emissor e o
receptor. O canal de comunicação é constituído pelo conjunto de processos e de meios
que suportam o fluxo de informação entre o emissor e o receptor.



COMUNICAÇÕES VIA RÁDIO

PROCEDIMENTOS EM OPERAÇÕES

1-O operador
Na comunicação-rádio é o operador, por sua voz, que empresta expressão e significância
às chamadas e à transmissão das mensagens. Por isso mesmo, sobre ele debruça-se a
responsabilidade de sua correta condução e a estrita obediência aos seus princípios básicos.

Deveres do operador

O operador, como elemento ativo da comunicação, tem seus deveres bipartidos, ora em
relação a própria comunicação-rádio, ora em relação ao equipamento-rádio que a
viabiliza.
Deveres em relação a comunicação-rádio
A esse respeito podem, objetivamente, ser elencados como deveres do operador, os
seguintes:
1) certificar-se de que a estação está sintonizada no canal adequado;
2) pensar no que vai falar ou efetuar a leitura prévia da mensagem a ser ditada antes de
iniciar a comunicação-rádio;
3) usar linguagem limpa e clara, sempre em tom moderado e cadenciado, especialmente
quando houver necessidade de registro escrito por parte de quem irá receber a
mensagem, principalmente no caso de operadores de estações móveis;
4) manter-se no local onde se encontrar o equipamento-rádio, atento às chamadas e aos
acontecimentos na rede;
5) atender, prontamente, às chamadas dirigidas ao prefixo da estação que estiver
operando;
6) evitar o desperdício de tempo na transmissão de mensagens, especialmente com
aquelas demasiada e desnecessariamente longas;
7) zelar pela ética:
a) não transmitindo a pessoas estranhas ao serviço informações que obtiver em
decorrência da função de operador;
b) não utilizar-se do meio para outro fim não autorizado, como o extravasamento de
insatisfações de quaisquer natureza, jocosidades, obscenidades, incitamentos etc;
c) buscar constantemente aperfeiçoar seus conhecimentos gerais em relação a operação
do equipamento;
d) empregar corretamente os meios auxiliares da transmissão de mensagens;
e) não utilizar o equipamento-rádio para transmitir mensagens de caráter particular.
8) observar as técnicas operacionais de:
a) aguardar que a rede esteja livre, para iniciar uma transmissão, salvo nos casos de
imperiosa necessidade, em que haja, principalmente, perigo atual ou iminente à
segurança de pessoas, devendo nesse caso haver um pedido de “prioridade”;
b) no caso de mensagens, necessariamente longas, transmití-las em trechos, intercalados
por um “QSL”, do Código “Q” ( “entendido ?”);
c) falar ao microfone, a uma distância aproximada entre 05 e 10
centímetros, durante a comunicação-rádio;
d) realizar teste de funcionamento do equipamento com a estação principal da rede,
sempre que assumir o seu controle e quando observar que a rede emudeceu-se por
períodos demasiadamente longos e/ou anormais;
e) manter a estação sintonizada no canal de operação próprio;
f) enunciar a palavra “QSL” sempre que terminar uma locução e desejar ceder a vez da
fala ao seu interlocutor ou, simplesmente, terminar a transmissão de uma mensagem.

A mensagem

A comunicação-rádio, por voz, na forma utilizada pelo Estado, destina-se basicamente à
transmissão de mensagens concernentes a sua destinação.
Princípios básicos
Na elaboração de uma mensagem devem ser levados em conta alguns princípios básicos,
como: clareza ou transparência, precisão ou objetividade e concisão ou economicidade.
Clareza ou transparência
Por princípio da clareza ou transparência, entende-se que o texto da mensagem deva ser
de fácil entendimento para aquele que a irá receber, sendo dispensáveis as
demonstrações de eruditismo, de conhecimento da língua falada ou da matéria tratada,
demonstrados pelo emprego de palavras ou expressões pouco usuais ou complicadas.

Precisão ou objetividade

Por precisão ou objetividade, como princípio, entende-se que o assunto a ser tratado deva
ser abordado de maneira direta, sem rodeios ou desnecessárias introduções ou prefácios.

Concisão ou economicidade

Por princípio da concisão ou economicidade, entende-se que, nas comunicações-rádio,
sem prejuízo da clareza, a mensagem deva ser curta, evitando-se o aumento
desnecessário do número de palavras para transmití-la. Qualquer palavra, mesmo
padronizada, que não acrescente conteúdo a mensagem deve ser abolida, bem como os
vícios de repetição de palavras, tais como: "... positivo, positivo ...", "em colaboração...",
"companheiro...", "... nobre companheiro ..."; e, ainda, palavras de agradecimento, de
despedida, de felicitações, etc. Todas essas são de utilização não recomendada nas
comunicações-rádio.

3 Meios empregados na transmissão da mensagem

Na transmissão da mensagem por voz há o emprego da palavra ordinariamente falada,
combinada com alguns meios convencionais, utilizados para auxiliar na compreensão de
seu texto e/ou para emprestar-lhe maior segurança e/ou celeridade de comunicação.
Assim é que, mediante o uso desses meios, muito se pode ganhar enfim, em
compreensão, velocidade e tempo.

Meios auxiliares

Dentre os meios considerados auxiliares da transmissão da mensagem,
destacam-se:
- as palavras e expressões convencionais;
- o alfabeto fonético internacional;
- os algarismos fonéticos; e,
- o “Código Q”.

Palavras e expressões convencionais

São palavras-chaves, com significado particularmente atribuído que, a exemplo de
qualquer outra codificação utilizada oficialmente, devem ser de pleno conhecimento dos
operadores, como meio facilitador e agilizador da comunicação. Por outro lado, seu
emprego visa, ainda, padronizar as conversações. A introdução de novas palavras ou
expressões no vocabulário aprovado, somente deve dar-se mediante acordo com os
diversos segmentos-operadores do sistema de comunicação, com observância,
principalmente, das práticas operacionais institucionalizadas.

Segue-se um extrato daquelas recomendadas aos operadores:

- ACUSE - “diga-me se entendeu ou recebeu esta mensagem”.
- CIENTE - “recebi sua mensagem”.
- CONFIRME - “repita a mensagem transmitida” (solicitado por quem está recebendo a
msg).
- CONSIGNE - “registre”, “anote para controle”.
- CORREÇÃO - “houve erro nesta transmissão”.
- COTEJE - “repita a mensagem (ou o trecho) como recebida” (solicita quem está
transmitindo a mensagem).
- NEGATIVO - “não”, “não está correto”, “não está autorizado”.
- POSITIVO - “sim”, “autorizado”, “afirmativo”.
- PRIORIDADE - “emergência”, “preciso transmitir com urgência”
- PROCEDA - “autorizo”, “pode prosseguir”.
- REPETINDO - “vou repetir toda a mensagem”.
- SEPARA - “dê espaço” (no soletramento pelo Alfabeto Fonético:... para receber o que
for transmitido logo após).
- SOLETRANDO - “vou soletrar a palavra seguinte com o Alfabeto Fonético”.
- TERMINADO - “acabado”, “fim” (para indicar o término de soletramento pelo Alfabeto
Fonético).
- VERIFIQUE - “sua mensagem não está clara; verifique se está correta”

Alfabeto Fonético Internacional

O Alfabeto Fonético, como meio auxiliar da transmissão, tem aplicação quando há
necessidade de soletrar palavras ou outro conjunto de letras, na dificuldade de sua
compreensão, como ocorre no caso de mensagens transmitidas em meio a péssimas
condições de comunicação ou, mesmo na transmissão de palavras incomuns ou
estrangeiras ou de grafia diferente da normal etc.
O seu uso, como padrão, evita a criação e a citação indiscriminada de palavras diversas
pelos operadores para indicar uma mesma letra. Mas o seu principal papel está no
auxílio da correta compreensão da mensagem, de modo a que não fique nenhuma
dúvida quanto ao seu conteúdo e a grafia das palavras que a compõem.
Este é o Alfabeto Fonético Internacional, padrão para dirimir dúvidas a cerca do conteúdo
da mensagem, pelo soletramento das palavras:
Letra Palavra Pronúncia
A Alpha - Alfa
B Bravo - Bravo
C Charlie - Charlie
D Delta - Delta
E Echo - Eco
F Fox- Foxe
G Golf - Golfe
H Hotel - Hotel
I Índia - Índia
J Juliete - Julieti
K Kilo - Quilo
L Lima -Lima
M Mike - Maike
N November - November
O Oscar - Oscar
P Papa - Papa
Q Quebec - Quebeque
R Romeo - Romeo
S Sierra -Sierra
T Tango - Tango
U Uniform - Uniforme
V Victor - Vikitor
W Whiskey - Uisquei
X x-ray - Equisrei
Y Yankee - Ianque
Z Zulu - Zulu

Algarismos Fonéticos

Em relação aos algarismos, que combinados formam os números, deverá ser empregada
a fonética básica abaixo apresentada:

Algarismos Fonética
1 Uno
2 Dois
3 Três
4 Quatro
5 Cinco
6 Meia
7 Sete
8 Oito
9 Nove
0 Zero
Abaixo alguns exemplos de aplicação:

I) seqüência de dois e de três algarismos iguais (emprego das palavras “duplo” e “triplo”)

Números Fonética
100 Uno Duplo Zero
2001 Dois Duplo Zero Uno
166 Uno Duplo Meia
33348 Triplo Três Quatro Oito
22777 Duplo Dois Triplo Sete

II) seqüência de quatro ou mais algarismos iguais:

a) Para quatro algarismos iguais sucessivos, deverá ser enunciado o nome do próprio
algarismo, seguido da palavra “triplo”, mais o nome desse mesmo algarismo.
b) Para cinco algarismos, deverá ser usada a combinação das palavras “duplo” e “triplo”.

Números Fonética
2222 Dois Triplo Dois
5555 Cinco Triplo Cinco
66666 Duplo Meia Triplo Meia

Para os demais casos de repetição de algarismos em sequência, deverá ser obedecido o
mesmo raciocínio. Na transmissão de mensagem contendo números e algarismos deverá
haver repetição por quem recebe a confirmação. A padronização referente aos algarismos
e números aplica-se também na pronunciação de prefixos. Deverá ser evitado o emprego
de palavras em desacordo com o anteriormente indicado, principalmente expressões
como "tudo", "trinca", "duque" e outras fora destas orientações e não expressamente
autorizadas. A esse respeito, tem-se observado a tendência dos operadores de criar uma
fonética diversificada da apresentada no quadro anterior, empregando a designação
ordinal de cada algarismo para indicá-los como “primeiro”, “segundo”, “terceiro”, “quarto”,
“quinto”, “sexto”, “sétimo”, “oitavo”, “nono”; para os algarismos de “1” a “9”; e, a palavra
“negativo”, para o algarismo zero. Essa prática é pouco recomendada, pelo simples fato
de criar um paralelismo com a fonética-padrão que se mostra, sobremaneira, mais
adequada face ao princípio da concisão da mensagem, na medida em que a pronúncia
dos algarismos pelo seu ordinal gasta tempo maior do que o utilizado com o padrão
apresentado. Além do mais, o uso da palavra “negativo” para designar o algarismo zero,
por si só, já contribui para o estabelecimento da confusão de significados, visto ser ela
convencionada de modo diferente nas “palavras e expressões convencionais”, querendo
dizer “não”, “não está correto”, “não está autorizado”.

A prática retro-descrita, embora tolerada, deve ser evitada, face a grandiosidade de seus
aspectos nocivos, quando empregada paralelamente com o padrão recomendado,
podendo-se aceitar, no entanto, sua utilização em casos especialíssimos, quando após a
transmissão da mensagem pelo padrão recomendado, algum trecho seu, por qualquer
motivo, permanecer obscuro ou mau compreendido, necessitando assim, de sua
retransmissão. Ressalte-se que esse uso deverá ser esporádico.

Codigo Q

O código Q é um outro meio convencional de auxiliar na transmissão de menssagens
As três letras do código Q eram usadas para se fazer uma questão de forma abreviada e
então respondê-la da mesma forma. Por exemplo, “QSL?” significa:” Você recebeu a
minha mensagem?” “QSL” era a resposta confirmando “Sim, recebi a sua mensagem.”
O código Q original foi criado aproximadamente em 1909, pelo governo britânico como
uma "lista de abreviações preparado para o uso dos navios britânicos e estações
costeiras licenciadas pela Agência Postal Geral". O código Q facilitou comunicação entre
operadores de rádios marítimos que falam línguas diferentes, sendo por isso foi adotado
internacionalmente tão rapidamente. Um total de quarenta e cinco códigos Q aparecem
na "lista de abreviações para ser usadas na radio comunicação", que foi incluído no
serviço de regulação afixado à terceira convenção internacional de radiotelegrafia (essa
convenção, que aconteceu em Londres, foi assinada em 5 de julho de 1912, e tornou-se
efetiva em 1 de julho de 1913).
Apesar de criados quando o rádio usava apenas o código morse, eles continuaram a ser
empregado depois da introdução transmissões por voz. Os códigos Q compreendidos
entre QAA-QNZ são reservados para uso aeronáutico; QOA-QOZ para uso marítimo;
QRA-QUZ para todos os serviços.

3 Tipos de chamadas

Chamada em teste

Trata-se de uma chamada simples com o objetivo de saber se o equipamento está
realmente funcionando bem. Realiza-se mediante o seguinte padrão:

Chamada: “(prefixo a chamar) AQUI (prefixo que chama) EM TESTE (ou QSA)”;

Resposta: “(nº da clareza) POR (nº da intensidade), PARA (prefixo que chamou)”.

Observe-se, pois, que a resposta deverá ser dada indicando, primeiro a clareza, e depois
a intensidade, esclarecido que:

- a clareza dos sinais é a inteligibilidade da mensagem através do sinal recebido e é
representada pela enunciação dos seguintes índices e representações:

1 - “má”
2 - “escassa”
3 - “passável”
4 - “boa”
5 - “excelente”

- a intensidade dos sinais é o volume, ou melhor, o nível do sinal recebido e é
representada pela enunciação dos seguintes índices e representações:

1 - “apenas perceptível”
2 - “fraca”
3 - “satisfatória”
4 - “boa”
5 - “ótima”

Ao responder-se a uma chamada em teste, não é necessário que sejam ditas as palavras
“clareza ou intensidade”, apenas deve-se mencionar o número correspondente a cada
uma de suas condições, acima indicadas, obedecendo-se a ordem da enunciação:
clareza – intensidade.

TODO O CONTEÚDO ACIMA DESCRITO FOI DESENVOLVIDO/MODIFICADO PELA ADMINISTRAÇÃO DO BROPS PERTENCENTE A CBA (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ARMA), E PODERÁ SER UTILIZADO POR QUALQUER CLÃ DESDE QUE COM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO POR ESCRITA DO SETOR ADMINISTRATIVO DA CBA!